O coordenador da Defesa Civil de Anápolis, Rafael Moreira Farinha disse, durante entrevista à Manchester FM/DM Anápolis que o município tem pelo menos 20 áreas consideradas de riscos para desabamentos, inundações e alagamentos. Segundo ele, este monitoramento quantitativo é feito desde 2014, com parcerias inclusive de centros nacionais especializados nesta área. Entre outras situações, fala sobre outras áreas localizadas às margens de córregos, com presença de imóveis às proximidades e, inclusive, áreas de riscos de processos erosivos, que são mais graves, que podem atingir as casas. Veja os principais temas abordados na entrevista.
Quais são as atribuições da defesa civil aqui em Anápolis?
Nós temos uma legislação federal que institui a política nacional de proteção e defesa civil, e ela tem suas diretrizes gerais. Então vem o Estado como sendo a regional de defesa civil, ou seja, aborda regionalmente setores que incluem alguns municípios. E cabe ao município também ter a sua defesa civil municipal, sua coordenadoria. Para realmente coordenar a quem cabe todas as ações, tanto de prevenção quanto de resposta a desastres. Cabe à Defesa Civil coordenar essas ações juntamente com os órgãos da administração pública e também com os parceiros, concessionárias, que prestam serviço aqui no município. Mas também outras instituições, seja de ensino superior, por exemplo, ou também as outras organizações, como a própria Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, que têm ajudado bastante a gente também.
Nessa época de chuva especificamente, qual é o principal foco da defesa civil?
É quando não está chovendo que a gente tem a prevenção como sendo o nosso foco. Ou seja, a gente vai para dentro de escola para fazer palestras, de levar conhecimento para as crianças, que isso aí com certeza elas conseguem levar para dentro de casa também, sobre como elas podem se preparar para o período de anormalidade. Ou seja, esse período que vem com chuvas fortes, tempestades. E depois que começa esse período, aí a gente já entra no âmbito da resposta.
E essa resposta é como que a gente vai agir para tentar retornar à normalidade?
Seja os transtornos aí no trânsito, transtornos dentro da própria casa das pessoas, ou locais que possam aglomerar público. Então assim, a gente tem essas ações bem definidas aqui prioritariamente. Época de seca, ações preventivas. Época de chuva, a gente tem as ações de resposta. Hoje a gente já se encontra no período já de resposta, porque já tem mais de duas semanas que iniciaram as chuvas. A gente estava esperando um veranico, como o pessoal chama, que é quando começa a chuva ali em outubro. Ela dá uma parada e depois em novembro vem com força. Mas a gente viu que nesses últimos anos ocorrem esses fenômenos naturais, o El Niño, La Niña. Tem sido complicado prever certinho. Pode ser que agora daqui até lá para março ou abril possamos ter aí período de chuva com chuvas bem volumosas.
Como é feita a orientação da população?
A gente tenta levar, até mesmo nessas ações de prevenção, o conhecimento, porque a gente trabalha sempre com um termo que a gente fala que é cultura de percepção de risco. Ou seja, é levar para a população essa percepção de risco. Para ela entender realmente que todo ano vem esse vento forte, caem algumas árvores. Mas além dessa percepção de que vai acontecer isso, a gente possa desenvolver as nossas ações. Cada pessoa tem responsabilidade sobre o seu imóvel, por exemplo, de promover a manutenção periódica de telhado, calha, muros, de divisa aí com lotes vizinhos. Porque quando começa a chover, realmente fica um pouco mais difícil, né? Para trocar telhado depois que começou a chover é bem complicado. E a gente já teve, há duas semanas, ocorrência de destelhamento de casas em diversos bairros aqui do município, com esses ventos fortes.
As situações de emergência.
Tivemos diversos locais em que árvores caíram, por exemplo, na Avenida Fernando Costa. Uma árvore de grande porte caiu com o vento e atingiu a rede elétrica, interrompeu o tráfego da via. E nesse caso, o bombeiro também auxilia, mas quem deve ser acionado, além das concessionárias, que a gente tem essas parcerias, é sim a prefeitura, juntamente com os fiscais de trânsito, com o pessoal da Secretaria de Serviços Urbanos, que é quem faz a remoção dessa árvore. E as concessionárias, nesse caso a Equatorial, para poder fazer a religação ou qualquer tipo de reparo que a rede necessite para voltar à normalidade. Então, basicamente, situação de emergência, corpo de bombeiros. Situação de infraestrutura, acionar a Prefeitura. Através da Defesa Civil, por exemplo, a gente coordena essas ações.
E de que forma a população pode acionar a Defesa Civil?
O principal meio de contato é o WhatsApp, o da Defesa Civil, que é o 98596-7571. E temos também o telefone fixo, no horário comercial, que é o 3902-2190. A população, às vezes, entra em contato com os bombeiros, por achar que é uma situação de emergência, mas essa situação, às vezes, é para o município resolver, o próprio bombeiro passa essa demanda para a gente.
Quantas são as áreas de risco e qual o trabalho periódico vocês fazem com as famílias que moram nessas regiões?
A gente tem levantamentos oficiais desde 2014, até com parcerias de centros nacionais de monitoramento. Vem equipe de fora para fazer um mapeamento hidrogeológico de riscos. Isso foi feito em 2014, em 2019 e, para o próximo ano, possivelmente. A gente trabalha sempre nessa faixa de 20 áreas de risco. Às vezes de um ano para o outro, elas deixam de ser de risco porque tem intervenções do próprio poder público. Às vezes é uma ponte que teve reparo ou substituição. Agora, há outras áreas que acabam surgindo, às vezes próximo a algum córrego, que tem algumas residências próximas ali, que tem lançamento de drenagem também, da drenagem pluvial. E aí, nesses casos, surgem essas novas áreas de risco. Temos riscos de processos erosivos, que são mais graves, que podem chegar nas casas. Tem que fazer ação preventiva de remoção, às vezes, da família, que é uma coisa mais traumática para quem mora ali. E temos também as áreas de risco de alagamentos, inundações e enxurradas, que são muitas no município.
Exemplos de onde estão essas áreas de risco.
As mais conhecidas e que recorrentemente são mostradas em reportagens, porque tem as ocorrências, é a [Rua] Amazílio Lino. Na Avenida Marginal Ayrton Senna, que também tem algumas situações de alagamento. Nas proximidades da Rua Barão do Rio Branco também acontecem algumas ocasiões de inundação. A gente vai monitorando esses locais, melhora a parte de infraestrutura nesses pontos, mas realmente a gente sabe que pelo volume de chuva e pela configuração da cidade, evitar totalmente que essas áreas ainda tenham algum tipo de alagamento ou inundação, é um trabalho muito difícil, para não dizer impossível.